FAQ.
Conhecimentos de base sobre implantes cocleares
Apresentamos os nossos sinceros agradecimentos à Deutsche Cochler Implant Gesellschaft e à redação da revista técnica especializada Die Schnecke por terem autorizado a utilização dos seus textos e imagens que foram adaptados aqui e ali às circunstâncias luxemburguesas. Poderá consultar os documentos originais e muitas outras informações em schnecke-online.de.
Schnecke
Die Fachzeitschrift der Deutschen Cochlea Implantat Gesellschaft e.V.
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Fax 07307 / 925 7475
schnecke-online.de
01.O que é um implante coclear?
O implante coclear (IC) é uma prótese do ouvido interno que é colocado na cóclea. Pode fazer com que as pessoas surdas ouçam. Os IC transformam os sons em impulsos elétricos, que estimulam (excitam) o nervo auditivo situado no ouvido interno. Um IC é composto por duas peças:
• uma peça externa, o processador de voz, que é usado no ouvido como um aparelho auditivo, e uma bobina transmissora que é fixada à cabeça através de um íman e que transmite os impulsos;
• o implante propriamente dito, composto pela bobina recetora, que é usada no osso do crânio junto ao ouvido e pelos elétrodos que são introduzidos no ouvido interno.
• uma peça externa, o processador de voz, que é usado no ouvido como um aparelho auditivo, e uma bobina transmissora que é fixada à cabeça através de um íman e que transmite os impulsos;
• o implante propriamente dito, composto pela bobina recetora, que é usada no osso do crânio junto ao ouvido e pelos elétrodos que são introduzidos no ouvido interno.
02.Qual a diferença entre um CI e um aparelho auditivo?
Os aparelhos auditivos intensificam os sons que são transmitidos ao ouvido interno e à cóclea através do tímpano. Ajudam em caso de perda de audição, mas não em caso de surdez. Um IC transforma os sons em impulsos elétricos, sendo estes enviados ao nervo auditivo.
03.Quem é candidato a um implante coclear?
As crianças e os adultos surdos ou com elevada perda auditiva para quem os aparelhos auditivos normais ajudam pouco ou não ajudam, ou são já insuficientes. Também para as pessoas que perderam a audição na sequência de uma doença como, p. ex., uma perda auditiva aguda ou um acidente. A condição prévia para um implante bem sucedido é o nervo auditivo estar funcional. Só é possível verificar se o nervo auditivo está intacto numa clínica de otorrinolaringologia (ORL).
04.Quando devo colocar um implante coclear?
O mais cedo possível, logo que a surdez é diagnosticada com toda a certeza e já não é reversível. As crianças surdas à nascença devem colocar um IC logo nos primeiros anos de vida. A primeira colocação do implante pode ser realizada a partir do quinto mês de vida. A audição e a fala desenvolvem-se no cérebro nos primeiros anos de vida. Se a criança não ouvir nada nesta fase da sua vida, a audição e a fala não terão um desenvolvimento correto. Mesmo nos adultos, quanto mais curta for a fase de surdez, mais fácil será reaprender a ouvir e a compreender.
05.O que devem saber os pais?
Em mil nascimentos, nascem normalmente um a três bebés com deficiências auditivas. No Luxemburgo, os recém-nascidos são rastreados sistematicamente em relação à sua capacidade auditiva (rastreio de audição em recém-nascidos). Para isso, é possível usar vários métodos (OAE ou BERA), que demoram apenas uns minutos, sendo totalmente indolores e isentos de perigo.
As medições são muito sensíveis e podem diagnosticar um dano auditivo com elevado grau de probabilidade. No entanto, há também "falsos positivos", ou seja, o exame revela uma anomalia, apesar de a criança ser saudável. Por isso, todas as crianças com um resultado anómalo no rastreio devem ser avaliadas num centro especializado em audição em idade pediátrica.
Os pais devem manter-se o mais perto possível da criança durante o exame.
06.Isto é feito com uma cirurgia?
Não. A audição tem de ser assimilada. Cada doente tem uma forma diferente de ouvir. O cérebro deve primeiro aprender a assimilar o que significam os sinais elétricos que recebe através do IC e do nervo auditivo. É como numa língua estrangeira: quando não conheço o significado das palavras, só assimilo sons sem os perceber. Por isso é que, depois da cirurgia numa clínica especializada, há uma primeira adaptação: o IC é configurado para que o doente tenha a melhor perceção possível, identifique os ruídos o melhor possível, deixando de os sentir como desagradáveis. Esta configuração deve ser verificada regularmente, e o progresso auditivo do doente deve ser adaptado. Em paralelo, deve realizar-se um treino auditivo intensivo que, numa fase inicial, acontece no âmbito de uma reabilitação intensiva com internamento ou em ambulatório. Em seguida, os portadores de IC recebem instruções para um acompanhamento especializado e personalizado ao longo da vida, e principalmente para a necessidade de quererem ter uma aprendizagem proativa.
07.Onde posso ser operado ou onde pode a minha criança ser operada?
No Luxemburgo, não se realizam cirurgias para a colocação de IC. Mas os nossos vizinhos Alemanha, França e Bélgica têm muitas clínicas que propõem cirurgias para a colocação de IC. O importante é a experiência dos cirurgiões e a colaboração com terapeutas reconhecidos, bem como o número de cirurgias realizadas anualmente e a especialização técnica da clínica. A colocação de elétrodos no ouvido interno não é uma cirurgia rotineira porque cada cóclea é diferente. Nem todos os elétrodos são adequados para todos os ouvidos internos. Quanto mais experiência o cirurgião e a clínica tiverem, mais provável será o êxito da cirurgia.
A cirurgia só pode ser bem sucedida se o nervo auditivo no ouvido interno estiver intacto. Para verificar este facto com toda a certeza, a equipa que realiza a cirurgia deve poder entrar em contacto com especialistas de outras áreas médicas. O mais provável é isto acontecer em grandes clínicas de ORL. Além disso, só a cirurgia não adianta de nada. Também é importante ter um acompanhamento especializado. O acompanhamento auditivo e os membros da direção da LACI – Lëtzebuerger Associatioun vun de Cochlear Implantéierten terão todo o gosto em ajudar a encontrar uma clínica com centro de IC. A página inicial da Deutsche Cochlea Implantat Gesellschaft (DCIG) (www.dcig.de) apresenta-lhe uma listagem atualizada das clínicas e dos centros IC na Alemanha.
08.Quanto tempo dura a cirurgia?
Em geral, entre duas e quatro horas.
09.Quanto tempo devo ficar no hospital?
Normalmente, três a quatro dias.
10.A cirurgia é feita com anestesia geral?
Sim.
11.Quais os riscos desta cirurgia?
Um implante coclear não é mais arriscado do que qualquer outra cirurgia com anestesia geral no ouvido médio. Para minimizar os riscos, deve colocar-se nas mãos de uma equipa com experiência em IC. A cirurgia deve ser “o menos invasiva possível”, ou seja, ser uma “cirurgia suave”, com danos mínimos para os tecidos e os ossos. É também importante que se preserve uma audição residual eventualmente existente, e que o nervo auditivo não seja danificado, mesmo considerando futuros avanços técnicos e médicos.
12.Posso voltar a ouvir logo após a cirurgia?
Não. Primeiro, a ferida tem que curar. Isto pode demorar até quatro semanas. Só então é que o processador de voz é ligado. Deve ser programado para a capacidade auditiva individual do doente. Esta configuração é verificada e afinada regularmente, em centros de CI especializados. Deve sempre ser possível consultar um médico. O objetivo da configuração do processador de voz é o doente poder ouvir e distinguir o melhor possível toda a gama de ruídos, sons e vozes. Isto pode ser muito rápido, mas pode também demorar meses ou anos. É precisamente neste aspeto que os terapeutas especializados prestam ajuda. A vontade de aprender e a paciência são imprescindíveis.
13.Se for surdo ou ouvir extremamente mal dos dois ouvidos, devo colocar logo dois IC?
Sim, porque ouvir dos dois lados é sempre melhor do que ouvir apenas de um ouvido. Deve conversar sobre isto com o médico que o(a) acompanha. É importante que os dois ouvidos sejam auxiliados o melhor possível por um sistema de audição. Em alguns casos, pode também fazer sentido colocar um IC num ouvido, mas usar um aparelho auditivo no outro ouvido. Nestes casos, os especialistas falam de uma audição bimodal. Há sempre muitas vantagens em ouvir dos dois ouvidos (audição binaural). Os ruídos envolventes são mais fáceis de identificar e localizar, sendo mais fácil compreender a voz. Ajuda muito na escola, no trabalho e nos tempos livres. Minimiza os riscos no trânsito e facilita a audição da música.
14.Um IC é também possível se apenas um ouvido for surdo?
Entretanto, e graças aos progressos técnicos, sim. As pessoas que ouvem normalmente de um ouvido e são surdas do outro ouvido afirmam ouvir e compreender melhor desde que têm um IC no ouvido surdo. Também o zumbido que existe muitas vezes nestes casos costuma melhorar graças ao IC. Isto leva a que surjam melhores oportunidades no trabalho, com elevados ganhos em termos de qualidade de vida. Só quem ouve dos dois ouvidos consegue localizar de onde vem o som.
15.Qual o preço de um IC, e qual a percentagem assumida pelas seguradoras?
Colocar um IC é atualmente quase tão caro como um carro da gama média inferior. A isso acrescem ainda os custos de acompanhamento, bem como das pilhas e das peças de substituição. Muitas vezes, são também necessários outros acessórios, como microfones e amplificadores, ou dispositivos de transmissão (dispositivos FM) que permitem uma maior compreensão em salas de aulas, auditórios, escritórios ou conferências. Se existirem condições médicas (indicações), as caixas de seguro de doença suportam estes custos na totalidade. No entanto, o médico responsável no Luxemburgo deve apresentar um requerimento de tratamento no estrangeiro junto da caixa de saúde luxemburguesa, que então irá acertar contas com a caixa de seguro de doença escolhida pelo doente no respetivo país. Em geral, são reembolsados todos os custos suportados normalmente pela caixa de seguro de doença estrangeira.
16.Com o IC, ouço tão bem como quem tem uma capacidade auditiva normal?
Não. Duas pessoas nunca ouvem exatamente o mesmo. Os portadores de IC só conseguem ouvir de forma mais ou menos “normal”. O grau de normalidade e a rapidez com que ele é alcançado depende totalmente de cada doente, da duração e da causa da surdez, do decurso da cirurgia, do estado da técnica e da qualidade do acompanhamento. Muitos portadores de IC queixam-se sobretudo de problemas em chamadas telefónicas, num ambiente barulhento (ruídos incomodativos) ou ao ouvir música. De uma forma geral, quanto mais moderna for a técnica utilizada e mais qualificado for o acompanhamento, mais insignificantes serão estes problemas.
17.Há vários sistemas de IC? Qual devo escolher?
Atualmente, há quatro fabricantes que oferecem implantes cocleares. Todos funcionam de acordo com o mesmo princípio, mas distinguem-se em termos de pormenores, design e acessórios. Além disso, estas empresas fabricam também outros dispositivos médicos relacionados, por exemplo, aparelhos auditivos, próteses auditivas de fixação no osso, implantes de ouvido médio ou implantes de tronco encefálico. Por vezes, é possível combinar vários dispositivos. Deve conversar com o seu médico sobre o sistema que melhor se adequa ao seu caso.